Creatina...é boa de se suplementar?

Quem já leu textos anteriores (neste blog) sobre suplementação, sabe que de uma maneira geral eu sou da opinião que as empresas que produzem suplementos estão sempre a querer vender ''banha da cobra'' e que a maior parte desses produtos são desnecessários para uma pessoa, atleta ou não, que tenha uma alimentação e estilo de vida saudável.
Por este motivo é necessário observar estes suplementos com o devido cuidado, um a um, para perceber se existem vantagens na sua toma.
Isto acontece porque:

  • Muitos destes compostos são produzidos pelo nosso corpo em quantidades suficientes e a sua toma exógena (suplementada) em nada altera o seu funcionamento, que devido a um efeito de compensação elimina ou expulsa o excesso, 
  • Muitas vezes as empresas publicitam estudos de pessoas com défice de produção do composto em causa, para promover vantagens e benefícios na sua toma, tal é o caso da l-carnitina como já anteriormente observamos, mas que em nada beneficiam uma pessoa saudável,  
  • Outros compostos quando tomados cessam a produção natural dos mesmos e criam um desequilíbrio que tem as suas contra-indicações, como é o caso dos esteróides anabolizantes,
O suplemento que vamos hoje observar não se encaixa em nenhuma destas categorias.
Do que pesquisei pude concluir que o corpo em condições normais tem a sua produção endógena de creatina que é suficiente para a sua actividade regular, no entanto, se através da nutrição ou suplementação pequenas doses forem ingeridas, o intestino absorve-as e aumenta temporariamente as suas reservas (maioritariamente no músculo esquelético), cujo limite não está bem determinado. 
Nos estudos observaram-se aumentos de até 50% da capacidade do nível normal, sendo este aumento mantido enquanto a ingestão alimentar da creatina durar. O motivo pelo qual isto resulta para a creatina e não para outros suplementos (a grande generalidade) não consegui perceber.
A creatina parece desenvolver um papel no metabolismo da proteína, a sua ingestão gera um efeito de preservação da proteína no corpo, observando-se menor decomposição da mesma em nitrogénio e consequente menor expulsão na urina.
A partir de um certo nível de ingestão de creatina as reservas ficam preenchidas e o excedente é metabolizado em creatinina e expulso do corpo através da urina.
Mas o que é a creatina e qual a sua função no corpo?
A creatina foi descoberta em 1832 por Michel Eugène Chevreul, que lhe deu o nome, à semelhança da l-carnitina (não confundir), baseado na palavra grega Kreas (carne).
A sua síntese ocorre nos rins e fígado através da combinação de dois aminoácidos, a glicina e a arginina.
É armazenada maioritariamente nos músculos, mas também no cérebro, sangue e outros tecidos.
Também se encontra na carne e no peixe e por ser um nutriente não essencial (é produzida pelo corpo) não carece de cuidados especiais por parte dos vegetarianos, além da ingestão de boas fontes de arginina e glicina (os aminoácidos que são usados na sua produção).
Para percebermos qual a relação deste suplemento com a nossa performance, temos que relembrar que é nos alimentos que encontramos a matéria-prima para a produção de energia, mais concretamente nos macronutrientes (carboidratos, triglicerídeos e proteína).
O processamento dos macronutrientes dá-se da seguinte maneira:

  • Através de sucessivas e complexas transformações químicas, estes são decompostos em moléculas de ATP (trifosfato de adenosina) que transporta a energia dentro das células para ser libertada através da sua metabolização, 
  • Quando usamos energia (respirar, andar, viver) estamos a ''queimar'' estas moléculas de ATP, que são partidas em moléculas de ADP (difosfato de adenosina) e de fosfato (Pi),  
  • O ADP não pode ser usado como energia e a creatina (fosfato de creatina) faz parte do processo de reciclagem deste, permitindo criar novas moléculas de ATP e estas, por sua vez, utilizadas para criar energia.
Suplementar creatina aumenta as reservas de fosfato de creatina (PCr) bem como a sua disponibilidade, resultando numa formação de ATP mais célere.
Isto é particularmente importante durante esforços físicos mais intensos ou exigentes, optimizando este processo e originando:

  • Melhor recuperação, 
  • Menor fadiga,  
  • Melhor performance,  
  • Um acréscimo de força naquele ponto em que era suposto já lá não chegarmos,  
  • Consequente aumento de massa muscular (massa magra), quando combinados com uma boa alimentação e descanso adequado.
Para pessoas que pratiquem desportos que impliquem esforços intensos, curtos ou explosivos (desportos de combate, musculação, desportos de força, etc), os benefícios da suplementação de creatina estão bem documentados.
Para pessoas que pratiquem desportos de endurance/resistência os estudos não são tão conclusivos nem numerosos.
No entanto isso não significa que não haja vantagem direta na sua suplementação e tendo em conta que adeptos de endurance também beneficiam de treinos de força (para fortalecimento muscular, entre outras coisas), indiretamente também podem ter benefícios.
Tirando estes benefícios diretos, estudos também apontam de forma menos conclusiva para:

  • Actuação como protetor contra a Excitotoxicidade (processo patológico pelo qual células nervosas são danificadas ou mortas por estimulação excessiva por neurotransmissores tais como glutamato e substâncias similares), 
  • Prevenção do abrandamento de produção de dopamina (hormona associada a doenças como Parkinson, quando a sua produção é insuficiente), estes efeitos estão correlacionados com o facto da creatina actuar como reserva de energia, aumentado o tempo de vida das células,  
  • Juntamente com dieta, descanso e exercício adequados previne a perda de massa muscular e força, o que atrasa o processo de envelhecimento,  
  • Entre outros efeitos mais indiretos ainda...
E contra-indicações?  
Entre alguns mitos contam-se a sobrecarga do fígado e rins, bem como a excessiva retenção de água, mas estudos indicam que tomar creatina de forma continuada não sobrecarrega o fígado nem os rins, nem tem contra-indicações em pessoas saudáveis.  
A creatina promove uma maior retenção de água nos músculos e isto pode chegar de 2 a 3 kilos numa fase inicial, típica de doses superiores a 5g diárias, antigamente recomendava-se uma toma inicial de 20g nos primeiros 7 dias, de forma a criar uma saturação (fase de carga) dos níveis, para posteriormente os mante, mas hoje a filosofia mudou e esta fase de carga já não é tão usual, o que resulta numa retenção de água menos pronunciada.
É de referir que esta retenção de água e hidratação dos músculos está envolvida neste processo de optimização da energia, responsável pela melhor recuperação, rendimento e aumento da força muscular.
Portanto este peso de certa forma traduz-se em rendimento e não em peso excessivo ou inútil.
Devo tomar creatina?
Definitivamente este é um suplemento que vale os euros que custa e atenção que é bastante acessível, um quilo de monohidrato de creatina (pó) pode durar muitas semanas e anda à volta dos 20/25€.
Quem tomou de certeza que viu os seus efeitos e é dos poucos que recomendo sem qualquer tipo de hesitação.
Qual a melhor altura para tomar creatina?

  • Não há estudos conclusivos em relação ao melhor momento, sendo que qualquer altura do dia é boa, desde que tomada com algo que estimule a libertação de insulina, 
  • É a insulina que ajuda a creatina a ser levada às celulas musculares e esta estimulação pode ser feita através da ingestão de carboidratos ou de proteína,  
  • O que significa que a melhor altura para tomar creatina será com o batido de proteína,  
  • Desta maneira asseguramos que não há mais nutrientes a complicar o processo de digestão, este torna-se mais rápido e eficaz e a presença da proteína ou dos aminoácidos garantem a estimulação necessária de insulina que irá facilitar o transporte da creatina onde ela é mais desejada.
Como devo tomar a creatina? 
Antigamente preconizava-se a toma de creatina com açícares rápidos, dextrose ou outros, ou com sumos de fruta (uva),mas sou daopinião de que não faz sentido comprar um suplemento que traga estes açúcares, pois não só é desperdício de dinheiro (pois açúcares são fáceis de encontrar em vários alimentos), como nada acrescentam ao funcionamento do nosso organismo.
O que fazem os açúcares que não faz a proteína? Só nos engordam e deterioram a nossa saúde.
Portanto o meu conselho é comprarem creatina sem mais nenhuma adição e tomarem-na com a proteína ou os aminoácidos, numa qualquer altura do dia, pois poupam dinheiro e compram somente o que vos interessa,
Nunca tomem creatina com sumos ácidos (laranja, limão) pois estes decompõem a mesma num seu subproduto (creatinina) que é inútil para o corpo.
Qual a dosagem?
Qualquer dosagem entre 2 a 5g diárias será suficiente, dependendo do peso corporal da pessoa (fazer mais com menos é o meu lema).
Qual o tipo de creatina que devo comprar?
À semelhança da proteína, hoje em dia temos dezenas de diferentes creatinas que a indústria de suplementação nos disponibiliza (impinge).
Desde monohidrato, citrato, éster etílico, com piruvato, micronizada, com óxido nitrico, com ácido hidroclorídrico, é preciso uma licenciatura para estudar todas estas variações.
Porque se perde tanto tempo a criar tantos produtos diferentes?
Acho que pela mesma razão que se produzem tantos carros de marcas, gamas, cores, cilindradas, designs e extras diferentes, são estratégias de marketing e venda que visão a diferenciação.
Mas será um clio mais eficaz que um fiat punto?
Acho que é tudo igual dadas as mesmas circunstâncias.
Portanto vamos simplificar, até agora não houve um suplemento de creatina que tenha se evidenciado como mais eficiente e eficaz que o velho e testado pelo tempo monohidrato de creatina.
Em termos de preço é o mais acessível e se os resultados são semelhantes, não vejo o porquê de inventar.
E qual a forma? Pó, liquido ou cápsulas?
Diz-se que na sua forma líquida a creatina decompõe-se e transforma-se na já referida creatinina. Verdade ou não, tanto o liquido como as cápsulas ficam mais caras em termos de quantidade/preço que o pó.
Portanto acho que a escolha é simples, monohidrato de creatina em pó, de 2 a 5g diárias, sem necessidade de uma fase de carga e sem obrigatoriadade de descontinuação da sua toma (podem usar até acabarem a caixa).

Ficam algumas das páginas que li para escrever este Post e onde podem buscar mais informação relativa aos estudos científicos:

Treinos de Endurance VS Treinos de Força (Conclusão)

Já vimos de uma longa dissertação acerca dos treinos de Endurance e de Força e vamos agora concluir e pôr na prática toda a teoria que abordamos nos textos anteriores.
As outras partes podem ser lidas aqui:
Basicamente estamos a defender a ideia de que:
  • Para os atletas que treinam por motivos funcionais (e não unicamente estéticos), aliar treinos ligeiros e aeróbicos (que não desgastam os nossos músculos, nem reservas de energia e nos fazem ganhar endurance) com treinos de alta intensidade e anaeróbicos (que nos fazem ganhar força, velocidade e potência) é o melhor de dois mundos.
Desta forma previnem lesões, melhoram a vossa qualidade de vida, poupam tempo que pode ser empregue na vossa vida social e ainda conseguem obter uma melhor performance. 
Resta-nos agora decidir e aprender em que doses e concentrações esta aliança pode/deve ser feita.
A maior parte dos atletas de endurance está presa num tipo de treino típico e repetitivo, correm, nadam ou andam de bicicleta o mesmo tempo, à mesma velocidade, pelo mesmo percurso (inclinação). Não variam a sua intensidade, fazem treinos que não são leves (cansam na mesma os músculos), mas que também não são pesados ao ponto de maximizarem resultados e melhorarem a sua performance.
Treinam sempre na ''zona cinzenta'' (junk mile) algures na intensidade de treino 3.
A ideia que vamos aqui passar é:
  • A maior parte do trabalho base destes atletas deveria ser feito na zona 2, onde ficarão com um sentimento de culpa por parecer termos feito um treino fácil demais (que não nos cansou muito),
  • A menor parte deveria ser feita no outro extremo, onde os treinos difíceis (alta intensidade) são realmente difíceis (desafiantes) e não só um pouco difíceis.
Treinar a maior parte (senão todo) do tempo na zona intermédia limita o corpo a utilizar o mesmo sistema de energia (glicolítico predominantemente) que faz um atleta de endurance ter apenas ''uma velocidade''.
Desta maneira não consegue aplicar intensidade quando esta é necessária (porque não a treina) e não consegue abrandar o seu rimo quando precisa de recuperar, resultando num aparecimento de lesões por excesso de treino ou treino repetitivo.

  • Vocês correm? Andam de bicicleta? Fazem triatlos ou maratonas? 
  • Conhecem quem o faça há mais de 5 anos de forma regular?
Então perguntem-lhe sobre as lesões e fadiga...não existe uma pessoa que treina neste esquema e que não se ressinta.
O treino polarizado
O treino polarizado consiste em treinar 80% do tempo na zona aeróbica (zona de intensidade 2) e 20% do tempo na zona acima do limiar anaeróbico (zona de intensidade 4 ou 5).
Treinar a maior parte do tempo numa intensidade baixa permite construir um sistema cardiovascular aeróbico e ter repetição suficiente para que a padronização dos movimentos melhore a eficiência e a economização de energia, expondo-os apenas ao stress necessário para criar adaptação cardiovascular e muscular.
Ou por outras palavras:

  • Treinar ''devagarinho'' permite mecanizarmos os movimentos e aprendermos a técnica,  
  • A técnica permite poupar energia,  
  • A somar a isto treinos prolongados constroem um bom sistema cardiovascular (endurance).
Os 20% de treino a alta intensidade são apenas o suficiente para adicionar velocidade, explosão e força ao nosso sistema cardiovascular.
  • Exercícios muito intensos criam radicais livres que causam dano (oxidação) nos músculos, células e órgãos e à medida que o corpo repara este dano (produzindo antioxidantes) dá-se uma adaptação que o torna mais resistente à futura oxidação proveniente de treinos de alta intensidade (aumenta a sua produção de antioxidantes).
No entanto é necessário termos descanso suficiente para que o corpo recupere e tenha esta adaptação...é aqui que entra o método de treino.
Treinar de uma forma adequada que permita estímulo físico mas que não seja excessivo, ou seja, em vez de castigar o corpo sempre da mesma forma, intensidade e duração de maneira contínua, podemos fazer treinos polarizados...dias muito duros de treino (intensidade 4 e 5) e dias muito fáceis (intensidade 1 e 2) que permitam uma recuperação ativa.
Embora os atletas profissionais usem este método de treino polarizado, temos de ter em conta que eles são isso mesmo...profissionais...fazem vida disso.
Se uma pessoa normal tiver o seu trabalho de 8h (às vezes mais) e além disso ainda tiver de dedicar horas de treino a uma atividade física prolongada na zona 2 (2h por sessão de treino, ou perto) pouco tempo sobra para uma vida social e familiar.
Tentando oferecer uma alternativa ao atleta entusiasta (que treina por gosto) ou amador, vamos tentar perceber como o nosso corpo constrói a sua endurance.
Determinantes primários da performance cardiovascular e endurance:

  • Frequência cardíaca (quantidade de vezes que o coração bate por minuto) 
  • Volume da batida cardíaca (a quantidade de sangue bombeada por cada batida)  
  • Contração arterial (a força de contração do músculo cardíaco)
À medida que estas variáveis aumentam a quantidade de fluxo sanguíneo e oxigénio fornecido aos músculos também aumenta.
Classicamente considera-se que os treinos aeróbicos/leves/endurance são os melhores para desenvolver estas variáveis, mas existem subtilezas que têm de ser consideradas, pois sangue/oxigénio enviado e sangue/oxigénio aproveitado podem ser duas coisas diferentes.
A quantidade máxima de oxigénio que podemos fornecer aos músculos num dado período de tempo (VO2max) não depende só das determinantes dadas pelo coração, mas também do aproveitamento real (por parte dos músculos) do oxigénio contido no sangue enviado, sangue esse que mais tarde retorna ao coração.
No cálculo desta taxa de oxigénio utilizada entram as tais subtilezas:

  • Pré-carga, quando os músculos se contraem o fluxo sanguíneo é impulsionado pelas veias de volta ao coração, aumentando a quantidade de sangue disponível para o próximo bombeamento, o que aumenta o volume da batida cardíaca,
  • Mitocôndrias, estas organelas celulares (sub-unidade de uma célula com uma função específica) são responsáveis pelo uso do oxigénio na produção de ATP (energia) através da quebra das moléculas de glucose ou gordura. Aumentar o número e tamanho destas gera mais energia disponível para os músculos, originando maior produção de força por períodos mais prolongados,  
  • A distribuição da corrente sanguínea,  
  • Densidade capilar (número de vasos sanguíneos que fazem esta entrega),  
  • Conteúdo de oxigénio no sangue,
Adivinhem qual é o treino que mais promove o desenvolvimento destas subtilezas?
É o HIIT (High intensity Interval Training), que agora entra em cena.
Treinos intervalados de alta intensidade é um nome pomposo para designar os treinos que não são contínuos (têm intervalos de descanso entre as séries) e são efetuados com grande intensidade (zona 4/5).
Devido à sua intensidade são também mais curtos:

  • Se tivermos a falar de corrida, um treino aeróbico será correr 80 minutos numa passada tranquila...se essa passada se for intensificando vamos progressivamente passando da zona 2 para a zona 3 e entrando na zona 4, 
  • A partir daí já não conseguimos manter essa intensidade por muito tempo (passamos do exercício aeróbico para o anaeróbico) e para atingir a zona 5 precisamos de fazer intervalos...ou seja, precisamos de descansar,  
  • Um treino de intervalos na corrida será por exemplo fazer um sprint de 90 segundos e descansar 45 segundos,  
  • Façam isto 10 vezes (10 séries) e têm um treino de HIIT feito, daí o nome...Treinos Intervalados de Alta Intensidade!
Entre outros benefícios o HIIT promove:
  • O aumento do número e tamanho das mitocôndrias, bem como das enzimas oxidativas contidas nas mesmas, 
  • Estas enzimas estão envolvidas no processo de utilização das gorduras e carboidratos para formação de ATP (energia)...mais enzimas oxidativas, maior capacidade de treinar numa intensidade mais elevada por um período mais prolongado,  
  • Uma maior capacidade de queimar gordura durante o exercício e de utilizar esta como fonte de energia reduzindo a utilização de glucose,  
  • Uma maior queima de gordura no pós-exercício, denominado de EPOC (consumo de oxigénio no pós exercício), pois treinos muito intensos necessitam de uma recuperação mais ativa, recuperação essa que exige queima de energia no processo,  
  • Maior volume da batida cardíaca (a quantidade de sangue bombeada por cada batida), contracção arterial (a força de contração do músculo cardíaco) e aumento da massa muscular cardíaca,  
  • Aumento dos capilares sanguíneos que por sua vez melhoram as trocas de oxigénio aumentando a taxa de oxigénio utilizada,  
  • O fortalecimento das fibras musculares que por sua vez irão melhorar o retorno venoso, aumentando a pré-carga referida anteriormente e consequente volume da batida cardíaca.
Comparando o HIIT com o exercício aeróbico 
No entanto o treino aeróbico traz benefícios que não podem ser ignorados e que se prendem mais ao nível cardiovascular e com a quantidade de sangue que o coração consegue enviar aos músculos. 
Os benefícios do HIIT prendem-se mais com a boa forma dos músculos periféricos e a quantidade do sangue recebida que é realmente aproveitada.
As duas quando conjugadas têm um efeito sinérgico.
A questão é:

  • Como devemos treinar de forma a não perder tempo e reservas de energia com treinos na zona cinzenta (junk miles) e sem excesso de HIIT que também tem as suas consequências (stress oxidativo)? 
  • Como fazer isto tendo também em conta que somos atletas amadores que têm as suas profissões, famílias e vida social e não dispomos de 30h por semana para treinar?
A resposta terá que ser dada individualmente consoante as necessidades de cada pessoa...
  • Há pessoas que trabalham 40h semanais e outras 60h, 
  • Há pessoas que têm família e amigos, outras são solteiras, sem filhos e pouca ou nenhuma vida social,  
  • Há pessoas que trabalham o dia inteiro sentadas sem se levantar e outras têm um emprego dinâmico, em pé ou que envolva alguma actividade física,  
  • Há pessoas que trabalham de segunda a sexta, outras têm folgas rotativas,  
  • Etc...
O tempo disponível, a família e as necessidades sociais bem como o nível de atividade que a nossa vida normal já nos oferece são variáveis que temos de ter em conta quando vamos fazer um plano de treino.
Normalmente, atletas amadores e super entusiastas do desporto têm tendência a desvalorizar e pôr em segundo lugar tudo o que não contribuí diretamente para o seu desempenho físico, mas eu sou da opinião que o físico e a mente complementam-se um do outro e que a nossa vida tem de ser equilibrada (necessidades sociais, psicológicas, espirituais) para o corpo poder dar o melhor de si.
É aqui que acho que este post pode ajudar...
De uma forma geral:

  • Quem tem um trabalho muito sedentário deve fazer o máximo por se mexer, ir de escadas em vez de apanhar elevadores, levantar-se de hora em hora para caminhar e fazer qualquer coisa, se tiver que falar ao telefone pode fazê-lo em pé, tudo isto ajuda o corpo a estar em movimento e contribui para a construção de um físico e metabolismo que utilize o sistema oxidativo de forma eficiente, 
  • Passar mais tempo na zona de intensidade 2 quando o objetivo for treinar endurance, para desta forma não desgastar o corpo e poder treinar com mais intensidade noutros dias,  
  • Intercalar dias leves com dias pesados, se na segunda corremos 90 minutos a um passo ligeiro, na terça feira podemos levantar uns pesos pesados e fazer uns sprints,  
  • Sempre que estamos mais esgotados ou nos sentirmos cansados fazer uma atividade de intensidade 1 (caminhar) em vez de estarmos parados ou de levarmos o nosso corpo até à exaustão com mais um treino.
Vou deixar aqui um dos exemplos do livro do Ben Greenfield para terem uma noção:

Segunda
30min de bicicleta + 20min exercícios natação (zona 2)
Terça
20min de levantamento de pesos + 30min de corrida HIIT (zona 4/5)
Quarta
30min de bicicleta HIIT + 30min de natação HIIT (zona 4/5)
Quinta
20min de levantamento de pesos (zona 4/5) + 30min de corrida (zona 2)
Sexta
60min de qualquer atividade (zona 1)
Sábado
270min de corrida numa passada de prova com intervalos de 20-5min + 3x1000m de natação a um ritmo de prova
Domingo
80min de corrida numa passada de prova com intervalos de 9-3min
Paralelamente se eu fizesse um treino para um atleta de um desporto de combate ficaria algo deste género:

Segunda
60 a 90min de desporto de combate (zona 3/4)
Terça
50min de corrida (zona 2)
Quarta
60 a 90min de desporto de combate (zona 3/4)
Quinta
50min de corrida (zona 2)
Sexta
60 a 90min de desporto de combate (zona 3/4)
Sábado
20min de levantamento de pesos (zona 4/5) + 30min de corrida (zona 2)
Domingo
60min de qualquer atividade (zona 1)
Ficam aqui algumas ideias e noções de como diversificarem o vosso treino de forma a não entrarem num desgaste e quebra de energia que resulta de um excesso de treino nem sempre evidente.
Conhecimento é poder!