A balança importa? (1ª parte)

''Se não estamos contentes com o que vemos ao espelho, o que interessa o que a balança diz?''
Fica sintetizado este post (composto de 2 partes) com esta frase de um dos meus ídolos...Vince Gironda.
De facto o que interessa a balança? Ela não define formas, é um instrumento cego num jogo de proporções e volumes.Vemos muitas mulheres a passarem horrores para perderem uns quilinhos e para quê? A seguir olham-se ao espelho e continuam a achar-se gordas...e faz sentido pois no fundo elas não mudaram as suas formas, simplesmente têm menos volume mas igualmente distribuído. Continuam flácidas e a gordura não foi embora ou pelo menos continua à vista onde elas menos querem...na cintura.
Então terá tudo sido em vão? Qual é o segredo para ''emagrecer'' em beleza?
  • A questão aqui não é emagrecer mas sim ter um corpo bonito.
A balança não é um indicador de beleza, mas sim de massa e se essa massa continuar mal distribuída, continuaremos insatisfeitos. Bulimias e anorexias não são causas mas sim consequências da nossa insatisfação levadas ao extremo.
Eu acredito que:
  • É possível ter um corpo bonito (e saudável) e comer até estarmos satisfeitos, falo de comer comida apetitosa,
  • Não é preciso ir ao ginásio 3 horas todos os dias, aliás nem é preciso estarmos inscritos num ginásio,
  • Acredito nisto tudo mas também sei que é preciso ter conhecimento, saber o que fazer, o que comer, quando comer, no fundo estarmos conscientes e motivados, fazer muito com pouco é o meu lema.
  • Mas para esta mudança ocorrer no nosso corpo, outra tem de ocorrer na nossa mente...aceitarmo-nos como somos.
Já disse antes e volto a repetir, um Chihuahua nunca será um Rottweiler e vice versa...quem tem 1,73m não poderá ter 1,90m...quem tem um biotipo que se aproxima do endomorfo (dificuldade em perder peso) não poderá ser um ectomorfo (dificuldade em ganhar peso).
Mas dentro do que somos e do nosso desenho genético podemos e devemos fazer o melhor quadro e obra de arte possível. E isto será mais do que alguma vez imaginámos, acreditem.
Se uma mulher tiver 1,68m e pesar 65kg será que ficará parecida com a Sofia Aparício (1,77cm / 59kg) se perder 5kg? É óbvio que não...têm diferentes proporções!
E mesmo se as alturas fossem iguais, os 60kg de uma poderiam ter outra distribuição (menos peito e mais cintura por exemplo) ou outra composição (massa gorda em vez de massa muscular). O peso (por si só) não nos pode guiar na procura de um corpo bonito ou no esculpimento da nossa impressão genética, então larguem as balanças, livrem-se dessa frustração e vamos perceber o que queremos e o que precisamos.
Proporção humana foi uma ideia lançada por Pitágoras e popularizada pelo ‘’homem vitruviano’’ de Leonardo Da Vinci. Neste modelo um homem deve ter 8 cabeças de altura, 2 cabeças e meia de largura de ombros, 1 cabeça de cintura, etc.
Reparem que esta descrição não especifica as medidas da cabeça, refere apenas a proporção, que é adaptável a qualquer medida, desde que mantenha a relação entre as demais medidas. Se a minha cabeça for maior que a do Cristiano Ronaldo, então eu deverei ter também uma maior largura de ombros, etc...
Poucos são os que nascem 100% proporcionais e também há medidas que não conseguimos alterar (altura por exemplo), mas isso não nos deve desanimar (muito pelo contrário) e sim dar-nos um sentimento de satisfação, porque a riqueza e a beleza estão na diversidade. Se fôssemos todos iguais, com o mesmo cabelo, altura, lábios, etc, habitaríamos num mundo desinteressante e sem cor.
Daqui se entende que o nosso desafio consiste em mexer nas variáveis que podemos alterar, ou seja, mudar medidas da largura dos ombros, cintura, ancas, etc...como?
  • Adicionando massa muscular ou tirando massa gorda nos sítios onde seja necessário, de forma a nos aproximarmos o mais possível dessa proporção que nos deixa bonitos em frente ao espelho,
  • Quem é baixo mais baixo parecerá se tiver uma cintura larga e uns ombros estreitos,
  • Quem é alto (e as pessoas muito altas também têm sentimentos de exclusão e inaptidão) mais alto parecerá se for muito magro,
  • Mulheres baixas com ancas largas vão parecer mais baixas,
  • Perder volume na anca tem os seus limites quando falamos de uma estrutura óssea larga, mas perder gordura com uma boa alimentação e um bom plano de treino ajuda a perder cintura e a harmonizar as proporções.
Cada corpo é um corpo e cada pessoa, com a sua genética e estrutura própria, deve procurar uma solução personalizada. Copiar regimes alimentares, suplementação ou tipos de treinos publicitados por estrelas do cinema e moda, cujos corpos nada têm a ver com o nosso, serve apenas para encher os bolsos das revistas e empresas de suplementação mas pouco faz por nós e pela nossa autoestima.
Ficamos tão presos nesta ilusão que preferimos ver o que pessoas que nada têm a ver connosco (e cujos corpos e proporções não representam 10% da população) estão a fazer, do que prestarmos atenção àquele comum mortal que em 3 anos perdeu 10kg (reais) e se esforça de uma maneira realista para atingir os seus objetivos. Claramente esta pessoa dedicada detém o segredo para o sucesso.
Conheço pessoas que não sabem treinar nem comer e que têm corpos que eu sei que por mais que faça tudo certo, simplesmente não conseguirei acompanhar em termos de elegância e graciosidade. São geneticamente dotados que nunca precisaram de se esforçar para ter resultados que são produto de um corpo abençoado com boas proporções e bom metabolismo e atenção que não falo de pessoas que tomam esteroides anabolizantes, falo de pessoas que são assim mesmo...abençoadas geneticamente.
Tenho de me aceitar pelo que sou e deixar de procurar fora de mim a resposta que está aqui dentro. Somos um bloco de pedra à espera de ser esculpido e as ferramentas são o descanso, treino e alimentação. Mas temos de perceber como o fazer, o que adicionar, onde tirar, onde não mexer e para isso fiz este post.
Proporções femininas
Forma ou figura do corpo feminino é o produto cumulativo de uma estrutura esquelética de uma mulher e a quantidade/distribuição de músculo e gordura. Ou seja, ossos mais gordura mais músculos.
Não podemos mexer nos ossos, mas podemos mexer na gordura e na massa muscular.
Uma mulher para ser considerada bonita (em termos de formas) tem que se assemelhar a um violão:
  • Cintura fina (mais fina que o busto e o quadril), busto e quadril com uma medida mais ou menos semelhante,
O violão tem o ‘’busto’’ ligeiramente mais pequeno que o ‘’quadril’’, e a cintura bastante mais fina, eis a forma da mulher elegante! Podíamos divagar acerca de como a definição de beleza varia de cultura para cultura ou de época para época, mas no fundo tudo isso é subjetivo.
‘’Gordura é formosura’’ advém das estátuas da cultura clássica e dos quadros da idade média (Rubens) onde figuravam mulheres mais ‘’avantajadas’’. Pegamos nisso e comparamos com as mulheres esqueléticas que desfilam nas passerelles modernas e somos levados a concluir que uma beleza nada tem a ver com a outra, mas enganamo-nos...é aqui que entra a proporção.
Hoje é vangloriada uma beleza esquelética, um menor volume, mas a proporção mantém-se. A cintura é mais fina que o busto e o quadril tanto na Grécia Antiga, como na Moda Lisboa, como nos quadros de Rubens, mais largas ou mais finas, a proporção mantém-se e é isto que temos de interiorizar.
A beleza não é vista no número de uma régua ou de uma balança, mas sim na relação das medidas entre busto, cintura e quadril (peito, barriga e ancas).
  • Se eu tiver uma boa alimentação e um bom plano de treino e perder bastante gordura chegando aos 75cm de cintura devo ansiar os 86-60-90 que tanta gente fala?
  • E se eu for uma mulher alta com 1,80m, estrutura óssea larga e pese 80kg, deverei ter os mesmos 86-60-90?
Claro que não...
Se a minha cintura por limitações de estrutura esquelética e do meu próprio metabolismo se situa numa zona confortável e saudável entre os 70/75cm, então a minha busca por um corpo bonito e proporcional deve-me levar a um quadril e busto que se situem entre os 100/107cm. A resposta nem sempre se encontra na descida dos números.
Estatísticas indicam que mulheres cuja medida da cintura se aproxime de 70% do valor do quadril são consideradas as mais atraentes pela generalidade dos homens, independentemente da etnia, credo ou proveniência. São também as mais férteis e saudáveis se analisarmos as estatísticas de fertilidade e de mortalidade, será coincidência?
É óbvio que não, a beleza não está só no olhar ou nos olhos de quem vê, mas sim numa função biológica que nos guia e impele a eleger a mulher mais saudável e fértil como a mais atraente.
A que corresponde 70% do valor do quadril?
Quadril (100%)
Cintura (70%)
90cm
63cm
95cm
66,5cm
100cm
70cm
105cm
73,5cm
110cm
77cm
115cm
80,5cm
120cm
84cm

Não é importante ter estas medidas exactas, mas sim aproximarmo-nos o mais possível delas dentro dos nossos limites. Esqueçam a balança, a altura e o peso e meçam a vossa cintura, onde se situam?
Agora imaginem que:
  • Fazem uma dieta boa e saudável substituindo os carboidratos de altas cargas glicêmicas pelos de baixas cargas glicêmicas, 
  • Começam a fazer 5 ou 6 refeições diárias com menos quantidade de comida, 
  • Bebem uma garrafa de água pequena (25cl) entre refeições para diminuir essa retenção de líquidos (e começam a usar menos sal nas comidas), 
  • Começam a treinar 30 a 45 minutos por dia ou dia sim dia não, 
  • Começam a subir e descer escadas em vez de andar de elevador e a sair uma estação ou paragem de metro antes (de casa ou do trabalho) para andar a pé, 
  • Trocam a massa, arroz e pão por saladas com carne ou peixe grelhado.
Vamos ver o que acontece e o que podem fazer para mudar as áreas críticas do vosso corpo (criar uma ilusão):
Cintura
  • Sem grandes extremos e sacrifícios (seguindo estas dicas em cima descritas) passarão em poucos meses de uma cintura de 80cm para 75cm (vamos supor)...para estarem perto da proporção ideal terão que ter um busto e quadril que se aproxime dos 107,5cm (segundo a tabela). 
  • Mas se tiverem perto dos 110cm já será quase perfeito!
Quadril
Se for estreito...
  • Como consequência de uma boa alimentação e exercício perdemos gordura no corpo todo e não só na cintura (barriga), 
  • Além desta condição genética já existente (do quadril pouco generoso), estas pessoas (na busca de um corpo mais firme e com menos gordura) podem perder ainda mais volume na zona dos glúteos e pernas, o que não ajuda quem quer ganhar formas...o que fazer nestes casos? 
  • A resposta é simples...substituir o volume que perdemos em gordura por massa muscular, desta forma perdemos cintura mas mantemos (ou aumentamos) o quadril. 
  • Existem exercícios para ganhar massa muscular onde mais precisamos, podemos pôr ‘’carne’’ onde queremos. Se a cintura diminuir (gordura) e ganharmos massa muscular/tonificação na zona dos glúteos e perna, aproximamo-nos das proporções ideais.
Se for largo...
  • É mais comum as mulheres terem um quadril largo que ameaça destruir estas linhas do violão, com a dieta e o exercício perderão alguma gordura mas é preciso perseverar, pois se a dieta for boa (comida saborosa) e não for extrema, vocês poderão continuar no mesmo regime por meses, anos e quiçá para a vida, 
  • Como resultado continuarão a perder centímetros na cintura (e resto do corpo), entretanto já vão ficando mais firmes e tonificadas e o vosso quadril (perna e rabo) generoso é simplesmente isso...vosso...podem continuar a perder gordura o resto da vida, mas essa forma pouco irá mudar se for algo estrutural e ósseo,
  • Como balançar a parte inferior (da cintura para baixo) que ameaça a vossa proporção e equilíbrio? Balançando a parte superior, aumentando a medida do busto.
Busto
  • Quando ouvimos a palavra busto pensamos em peito e quando ouvimos peito pensamos em ''mamas''. A musculatura e estrutura óssea compõem a medida a que chamamos busto, assim como o tecido mamário, 
  • As ‘’mamas’’ são compostas na sua maior parte por gordura e ao perder gordura, de uma forma geral, perdemos também tecido mamário, razão pela qual atletas muito definidas não têm peitos generosos, 
  • O tecido mamário e a estrutura óssea são variáveis que não podemos mexer (pois nenhuma mulher gorda deseja continuar gorda para manter o tamanho de peito que tem), resta-nos então mexer na massa muscular.
Se o busto for pequeno...
  • Para aumentar o tamanho do busto podemos ambicionar umas costas e ombros mais tonificados que em conjunto com uma cintura mais fina e firme dão um ar proporcional e bonito e porque não atlético/saudável? 
  • Há vários exercícios para trabalhar o tronco de forma a alargar esta medida sem exagerar e sem dar um ar forte ou demasiadamente masculino.
Se o busto for grande...
  • Este é um problema de fácil resolução, pois o peito feminino é composto por gordura e após dieta e exercício perde-se centímetros não só na cintura mas também no peito (e resto do corpo),
  • Se mesmo assim a medida do busto for grande em comparação com a do quadril, o equilíbrio é encontrado no aumento dos glúteos e pernas, ganhando massa muscular e tonificação.
Conclusão
Deixem de querer ser quem não são ou de idolatrar falsos ídolos feitos de silicone e comecem a procurar a beleza dentro de vocês e descobrirem quem são e como são. Procurem diminuir a cintura e procurar a proporção que vos deixará mais bonitas nuns firmes 68kg do que estariam nuns vacilantes 62kg, flácidos e desnutridos.
Mais vale vestir o 40 de calças com um rabo tonificado e uma cintura firme do que um 38 ou 36 com um rabo mole e flácido...é a diferença entre ficar bem em frente ao espelho e procurar um número numa balança. Deixo aqui fotos e medidas de algumas pessoas famosas, bem diferentes entre elas, para podermos perceber a ilusão das proporções.
Próximo post vamos observar as proporções masculinas.

Kim Kardashian (Socialite)

Medidas: 96-67-104
Altura: 1,59m e peso 65kg
Medidas violão (segundo a proporção 86-60-90): 96-67-100
Como podemos ver o busto da Kim bate certo com a medida da sua cintura, no entanto o seu quadril está um pouco acima dos 100cm que seriam ideais para respeitar a proporção.
Nas fotos a sua anca parece um pouco ''larga'', sendo essa a única coisa que a separa da ''elegância e graciosidade'' clássica.
A Kim pesa 65kg, o que para uma altura de 1,59m parece exagerado, no entanto como a proporção está a ser respeitada (quase), o olho e a balança discordam.
É bonita em frente ao espelho mas qualquer pessoa com a altura dela, se pesasse 65kg, se iria achar gorda...e provavelmente seria, a não ser que os seus quilos estivessem bem distribuídos como os da socialite. Neste caso eu pergunto, o que interessa a balança?
Serena Williams (Tenista)
Medidas: 91-71-112
Altura: 1,75m e peso 70kg
Medidas violão (segundo a proporção 86-60-90): 101-71-106
A Serena é uma mulher atlética com uma boa estrutura óssea e muscular.
Mede 1,75m e pesa 70kg e não se pode pedir para pesar menos, pois a massa muscular (necessária à sua profissão) é mais densa que a gordura e por esse mesmo motivo mais pesada. 
Para melhorar a sua proporção Serena teria que aumentar o busto, ou reduzir a cintura e um pouco o quadril. 
Aumentar o busto está fora de questão, já tem massa muscular que chegue e o seu peito não irá aumentar mais (a menos que ponha silicone). 
Reduzir a cintura parece o mais indicado e isso seria possível com uma dieta mais restritiva, algo que talvez não fosse o mais indicado devido à sua profissão, que exige alto dispêndio de energia. 
Embora seja considerada um pouco masculina (devido a sua estrutura atlética) e as suas medidas escapem um pouco ao ideal da graciosidade, temos que concordar que para os seus 70kg, Serena é uma mulher torneada e atraente, algo que a balança não demonstra.
Beyoncé (Cantora)
Medidas: 89-66-99
Altura: 1,69m e peso 62kg
Medidas violão (segundo a proporção 86-60-90): 94-66-99
Beyoncé é a pessoa que mais se aproxima das medidas do violão, fica só um pouco aquém no seu busto, algo que se poderia corrigir com um fortalecimento da parte muscular do tronco para acentuar mais a forma do violão, ou reduzindo um pouco a cintura mantendo ou aumentando ligeiramente o quadril. 
De qualquer das formas a receita iria passar por exercício e talvez um pouco de dieta só para corrigir exageros. 
Quando algo está bom não vale a pena mexer muito e a cantora é um bom exemplo disso, altura e distribuição de peso que todas as mulheres desejam.
Ashley Graham (modelo plus size)
Medidas: 107-76-117
Altura: 1,75m e peso 91kg
Medidas violão (segundo a proporção 86-60-90): 109-76-114
As modelos plus size surgiram da necessidade de tornar a Moda mais identificável com a maioria da população que não se revê nas modelos esqueléticas que hoje nos apresentam. 
Digamos que são modelos mais reais e adaptadas aos tempos e medidas modernas. 
O que dizer de Ashley? 
Com 91kg está fora de todo e qualquer número aceitável numa balança.
Mas olhando ao espelho parece gorda ou desproporcional? 
Pelo contrário, é quase um violão perfeito, as medidas encaixam todas na proporção, tem as curvas todas alinhadas com a cintura. 
Em termos de proporção não poderíamos mexer em nada, só no volume. 
Com 1,75cm pode ser que estes 91kg não lhe façam bem às articulações (por exemplo) e aqui já estamos no campo da saúde e não da estética. 
Por questões de saúde poderia perder gordura e diminuir o seu volume, mas mantendo a sua proporção. 
Quantas mulheres mais leves se dão ao luxo de se sentirem tão bem à frente do espelho como esta senhora nos seus 91kg? O que interessa a balança? 
É tudo um jogo de proporções, aí reside a beleza das formas.
Tess Henstra (modelo plus size)
Medidas: 107-89-122
Altura: 1,78m e peso 86kg
Medidas violão (segundo a proporção 86-60-90): 127-89-133
Escolhi a Tess porque ela tem 89cm de cintura. 
Ao contrário da Ashley que pesa 91kg mas tem uma cintura mais fina (76cm) e portanto mais acessível.
Mas com a Tess não há desculpas. 
Embora pesando menos, ninguém diria que com 89cm de cintura uma mulher poderia ter formas bonitas e ser proporcional. 
Ela é, à sua maneira (uma maneira larga), ficando um pouco aquém do violão perfeito. 
Tess poderia perder um pouco de gordura e exercitar-se especificamente para ganhar tonificação e firmeza, através de exercícios para a perna e o glúteo para manter a sua medida de quadril enquanto perde volume no resto do corpo (com uma boa dieta). 
Com menos 5cm de cintura e mais firmeza ficaria quase perfeita. 
Faz sentido imaginar esta mulher com 50kg e 86-60-90 de medidas? 
Claro que não, morria de sofrimento e desespero com tanta dieta e jejuns porque simplesmente essa não é a estrutura dela! 
Ela não é frágil, é forte e soube encontrar a sua beleza dentro da sua marca genética. 
Com 89cm de cintura é bem mais formosa que muitas mulheres com bem menos. 
Se ela conseguiu com 89cm, imaginem o que vocês podem fazer com o vosso corpo e que beleza podem achar dentro de vocês.
Cláudia Vieira (modelo e actriz)
Medidas: 90-64-92
Altura: 1,77m e peso 57kg
Medidas violão (segundo a proporção 86-60-90): 92-64-96
A Cláudia é bem nossa conhecida e está quase no perfeito violão. 
Perfeito mesmo só aumentando ligeiramente o busto e um pouco mais o quadril. 
Com exercício facilmente aumentaria os 4 centímetros que lhe faltam nas ancas e desta maneira a sua cintura iria parecer mais fina, pois iria ser maior a diferença para com o quadril, criando uma ilusão.
Às vezes conseguimos diminuir visualmente algo se aumentarmos noutro lado. 
Eu sei que a beleza hoje é identificada com a magreza e fragilidade, mas para quem não tem um metabolismo acelerado, pesar 57kg com 1,70m pode revelar-se uma tarefa impossível ou miserável...e sou da opinião que não viemos ao mundo para ser miseráveis. 
Cabe-nos então entender o que é a graciosidade e a elegância objetivamente e adaptar isso à nossa vida, ao nosso corpo e à nossa genética.

Óleo de peixe / Ómega-3...sim ou sopas?


Os suplementos de óleo de peixe têm proliferado no mercado nas últimas duas décadas.
Chegaram ao ponto em que são considerados um ''must have'' da saúde suplementar, ou seja, um dos 3 grandes suplementos (ao lado da creatina e da proteína) cujos efeitos são tidos como reais, comprovados e benéficos, algo que infelizmente é pouco comum nos suplementos nutricionais, apesar de nos quererem convencer do contrário, através do uso de técnicas astutas de marketing e publicidade.
É por este motivo que faço questão de analisar todos os suplementos independentemente do quão geralmente aceites eles são na opinião pública, pois existe muito dinheiro nos bastidores a rolar para que areia nos estorve a visão.
Quando falamos de Óleo de peixe referimo-nos aos ácidos gordos polinsaturados Ómega-3. Dentro dos Ómega-3 temos:

  • Ácidos gordos de cadeia longa, que estão presentes em peixes de água fria (salmão, bacalhau, atum, sardinhas, cavalas, etc), marisco e na gema do ovo. É destes ácidos que os suplementos são compostos, nomeadamente por ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido docosaexanoico (DHA). 
  • Ácidos gordos de cadeia curta, que estão presentes em alimentos vegetais como as sementes, frutos secos, cereais, leguminosas e vegetais verdes. Estes alimentos contêm outra forma de Ómega-3, o ácido alfa-linolênico (ALA).
Os únicos alimentos vegetais que têm EPA e DHA são as algas marinhas, mas em pouca quantidade.
O que são ácidos gordos polinsaturados?

  • São ácidos gordos que contêm mais do que uma ligação dupla de átomos de carbono que deixa espaços (vazios) que podiam ser ocupados por átomos de hidrogénio, 
  • A dupla ligação dos Ómega-3 encontra-se no terceiro carbono a partir da extremidade oposta à carboxila (visível na imagem acima),  
  • São chamados de "essenciais" porque não podem ser sintetizados pelo corpo e devem ser consumidos sob a forma de gorduras.
Vamos observar a composição proteíca deste suplemento:

Óleo de peixe
100g
Calorias
902
Lípidos:
100g
- Gorduras saturadas
21g
- Gorduras polinsaturadas
16g
- Gorduras monoinsaturadas
57g
Proteína
0g
Carboidratos
0g
Colesterol
766mg
Sódio
0mg
Fibra alimentar
0g
Vitaminas:

- A
0 UI
- B6
0 mg
- B12
0µg
Cálcio
0mg
Ferro
0mg
Magnésio
0mg

Como podemos ver, além de lípidos este suplemento nada mais contém. 
Alguns dos benefícios deste suplemento: 
  • Redução dos níveis de triglicerídeos, esta redução será maior nas pessoas com níveis muito altos, 
  • Prevenção de doenças coronárias, embora a suplementação não traga benefícios adicionais para pessoas que já tomam medicação para estas doenças ou que já comem peixe em quantidade suficiente,  
  • Diminuição da obstrução dos vasos sanguíneos após uma angioplastia (intervenção que desobstrui uma artéria coronária) até 45%,  
  • Prevenção do aborto em mulheres com síndrome antifosfolípide,  
  • Melhoria da atenção, função mental e comportamento dos pacientes que sofrem da desordem por Défice de Atenção e Hiperatividade,  
  • Melhoria dos sintomas de depressão de quem sofre de desordem bipolar,  
  • Redução do risco de ataque cardíaco,  
  • Redução ligeira da pressão sanguínea para pacientes que sofrem de pressão arterial elevada e não tomam medicação para a mesma,  
  • Melhoria dos sintomas da artrire reumatóide,  
  • Baixa do risco de Acidente vascular cerebral (AVC) em pessoas que não tomam aspirina como prevenção,  
  • Entre outros...
À primeira vista a suplementação deste produto em pessoas saudáveis parece ter benefícios preventivos ao nível do colesterol, triglicerídeos e doenças relacionadas. Mesmo não contando com pessoas que têm problemas específicos de saúde (tensão alta, artrite, osteoporose, dispraxia, cancro, etc), os óleos de peixe continuam a parecer uma boa aposta. 
O Ómega-3 de cadeia longa (peixe e marisco) é publicitado como a principal fonte destes benefícios em detrimento dos de cadeia curta (alimentos vegetais), no entanto li que do total a ser consumido (ou suplementado) por dia, apenas ¼ deve exclusivamente pertencer aos ácidos de cadeia longa (EPA/DHA). 
Isto significa que mais de metade das nossas carências de Ómega-3 podem ser supridas com os alimentos vegetais que contêm a cadeia curta (ALA). A somar a isto, os ácidos gordos de cadeia curta (ALA) são convertidos no organismo em EPA/DHA, a uma taxa (pequena) que varia entre os 2 a 10%. 
Além da maior parte do nosso consumo poder ser feito de ácidos de cadeia curta, os mesmos podem ser transformados em cadeia longa, tornando o consumo de cadeias longas (EPA/DHA) opcional e não essencial.  
A recomendação diária varia de organização e de país para país, mas situa-se normalmente entre os 800-4000mg total, ou seja, 200-1000mg dos de cadeia longa (EPA/DHA). 
Sendo assim eu pergunto:
  • Porquê que se dá mais importância aos ácidos de cadeia longa (EPA/DHA)? 
  • E porquê que os suplementos trazem apenas os de cadeia longa (EPA/DHA)?  
  • Será que a indústria está interessada em criar a ideia de que existe uma necessidade de consumir este ácido gordo exclusivamente das cadeias longas, mais difíceis de obter, justificando assim a venda deste suplemento?  
  • Sabendo que são poucas as pessoas que comem peixe, menos ainda as que comem peixe fresco (mais rico em EPA/DHA), encontra-se aqui espaço para a sua venda em forma de suplemento.  
  • A gema do ovo também contém estes ácidos gordos de cadeia longa (EPA/DHA), mas será que este facto é menosprezado para não ofuscar o valor do suplemento? 
Outra coisa que temos de observar é que o ser humano existe há mais de 200.000 anos e nunca houve esta ''necessidade'' de consumir peixes de água fria, coisa que era exclusiva de povos do hemisfério norte. Como conseguimos sobreviver e ser saudáveis antes de existir este suplemento?
Agora entra a revelação...existem fatores que inibem a conversão do Ómega-3 de cadeias curtas (ALA) em cadeias longas (EPA/DHA) tais como:
  • O consumo em excesso de ácidos gordos Ómega-6, 
  • O consumo de gorduras hidrogenadas/trans  
  • O consumo de álcool,  
  • Insuficiência de consumo de proteína,  
  • Deficiências nos níveis de alguns minerais e vitaminas (como o cálcio, cobre, magnésio, zinco, Vitamina H e B6). 
Estudos dizem que a maior parte dos problemas associados com a deficiência de Ómega-3 estão diretamente relacionados com um desequilíbrio entre os níveis de Ómega-3 e Ómega-6. 
Percebem o que está a acontecer? 
O estilo de vida ocidental que prolifera desde o início do século XX está na base dos nossos fracos níveis de Ómega-3 e excessivos níveis de Ómega-6. 
Os Ómega-6 não são maus se consumidos em quantidades moderadas, mas consumidos em excesso, geram os tais processos de inflamação que estão na origem de:
  • Doenças coronárias ou cardiovasculares, 
  • Asma,  
  • Cancro,  
  • Obesidade,  
  • Depressão,  
  • Entre outras... 
Fontes dietéticas de Ómega-6 incluem:
  • Salgados, fritos e bolos, 
  • A maior parte dos óleos vegetais (palma, colza, canola, cânhamo, soja, algodão, semente de girassol, milho, etc) e margarinas,  
  • Produtos industrializados feitos com gordura vegetal e gordura trans (presentes nas margarinas vegetais, doces e bolos empacotados para durarem meses em prateleiras, comidas processadas, etc). 
Ou seja, a alimentação ocidental dos últimos 100 anos. Não é de admirar que haja uma suposta necessidade de Ómega-3 que a indústria suplementar vem colmatar, na realidade existe todo um estilo de vida que é causa deste problema e cujos suplementos apenas vêm atenuar algumas das suas consequências. 
De facto este é o ''modus operandi'' das industrias de suplementação:
  • Identificam um componente químico que seja aparentemente benéfico, 
  • Financiam estudos que salientam os seus benefícios numa lógica descontextualizada,  
  • Enchem os canais de informação de publicidade para condicionarem a nossa opinião de forma a adquirirmos um suplemento que, sem o qual, aparentemente não poderíamos ser saudáveis,
  •  Lucram com a nossa desinformação. 
Estima-se que o rácio ideal de Ómega-6 para Ómega-3 será de 2:1 (2 ácidos de Ómega-6 para cada ácido de Ómega-3) e que com essa taxa a conversão de ALA em EPA/DHA é também optimizada... 
Consumindo menos Ómega-6 não só reduzimos os seus níveis e melhoramos o rácio diretamente, como ainda aumentamos os níveis de Ómega-3 de cadeias longas (EPA/DHA) através de uma melhor conversão das cadeias curtas (ALA), contribuindo para uma melhoria indirecta.
Conclusão:

  • Mais importante do que aumentar a ingestão de gorduras Ómega 3 é garantir o equilíbrio entre as gorduras Ómega 3 e as Ómega 6 consumidas, 
  • Quanto mais gorduras Ómega 6 consumirmos, maiores serão as nossas necessidade de gorduras Ómega 3. Desta forma, se reduzirmos o nosso consumo de gorduras Ómega 6, necessitaremos de menos quantidade de gorduras Ómega 3 para obter os tais benefícios na saúde,  
  • Sendo que bastam duas refeições de peixe (rico em ácidos gordos) por semana para termos o equivalente a 500mg de EPA/DHA diários, não me parece muito difícil estar dentro dos padrões recomendados sem recorrer a suplementos, 
Estão preocupados com baixos níveis de Ómega-3?
Comam saudável, ocasionalmente ponham um peixinho na ementa, uns ovos completos e esqueçam a comida processada, álcool, bolos, doces e fritos (apenas nos dias de festas e nem todos os dias são dias de festa), 

São vegetarianos?
Algas, Sementes de linhaça, nozes, chia e mais uns alimentos ricos em Ómega-3 referidos acima possibilitarão que o vosso corpo converta ALA em EPA/DHA em quantidade suficiente, se mantiverem também níveis baixos de Ómega-6.